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Aprender ortografia em um circuito de exercícios? Você pode até ter achado estranho e não enxergar nenhuma ligação entre essas coisas, mas elas fazem todo sentido para os alunos da Maple Bear Natal. É dessa maneira que eles fixam os conteúdos: com aulas criativas, lúdicas e usando a interdisciplinaridade. Tudo em consonância com a metodologia canadense de ensino.
Uma dessas iniciativas partiu dos professores de Língua Portuguesa, Daniel Oliveira, e de Educação Física, Jéssica Nunes. Para revisar as aulas de ortografia com os alunos do 6º ano, eles desenvolveram uma competição que envolveu ditado de palavras e um circuito de exercícios, trabalhando o raciocínio, a concentração e a memória. As equipes tinham que atravessar a quadra e escolher as letras certas dentro do que foi solicitado pelos professores. O grupo que formou palavras mais rápido e, de acordo com as normas gramaticais, venceu o torneio.
“A educação física é uma prova viva de como a atividade corporal pode atuar de forma positiva na aquisição de conteúdos de várias áreas diferentes. Ao se divertirem em uma competição lúdica, os alunos não percebem que estão fixando em mente a escrita daquelas palavras durante a atividade, de modo que, ao escrever um texto e pensarem nelas, eliminarão as dúvidas, já que lembrarão do momento divertido que viveram e, consequentemente, da escrita da palavra”, explicou a professora Jéssica Nunes.
“Ao aplicar a atividade, percebemos como a mudança de ambiente por si só já reflete em uma maior empolgação em aprender. Foi emocionante ver os alunos combinando e refletindo sobre a escrita das palavras com o objetivo de correr contra o tempo e ganhar o jogo. Temos certeza de que o momento ficou registrado em suas mentes”, recordou Daniel Oliveira.
As aulas criativas, que fogem do convencional e que priorizam a interdisciplinaridade, fazem parte da rotina dos alunos da Maple Bear Natal, desde o ensino infantil. Para o coordenador pedagógico do Ensino Fundamental II, Olavo Vitorino, o conteúdo é muito rico para poder ficar dentro das “caixinhas” das disciplinas. Por isso, é necessário buscar estratégias que tragam um aprendizado de grande valor para que os estudantes possam ficar marcados de maneira positiva.
“O grande benefício é o de não colocar limites na aprendizagem. A metodologia canadense possui o protagonismo estudantil, o desenvolvimento da criticidade, o incentivo à criatividade e a capacidade de tomada de decisões como alguns de seus pilares. Assim, quando proporcionamos um ambiente inovador, com aulas interdisciplinares, conseguimos abranger todas essas áreas. Atualmente não podemos nos contentar com quadro, slide e cadeiras nos moldes tradicionais. Precisamos pensar além e é isso que fazemos”, defendeu.
Darwin com colheres, pinças e canudos
Outro exemplo de aula criativa aconteceu com a disciplina de ciências, ministrada pelo professor Igor Hugo, também aos alunos do 6º ano do ensino fundamental II. Eles estavam estudando sobre adaptação dos animais pela teoria do naturalista Charles Darwin, sobre os bicos dos Tertilhões de aves na Ilha de Galápagos. Os alunos precisavam entender os motivos pelos quais aves que viviam em áreas diferentes tinham bicos diferentes, segundo os ensinamentos do cientista sobre seleção natural das espécies.
Para isso, o professor utilizou canudos, pinças e colheres, que seriam os diferentes bicos das aves, e grãos de feijão, arroz e massa de modelar, para representar, de forma lúdica, insetos, sementes e minhocas, respectivamente. Os alunos tiveram 15 segundos para pegar os supostos alimentos com cada um dos bicos e colocaram tudo isso em um gráfico em um software de computador.
“Com esse experimento, eles puderam entender na prática como ocorreu a seleção natural dessas espécies, por causa da anatomia, das questões ligadas à adaptação. Foi uma experiência muito rica porque eles trouxeram coisas que aconteceram na vida deles. Quando eles começam a perceber na vida conteúdos das aulas, tudo fica muito mais fácil e mais prazeroso”, observou.
O professor só enxerga vantagens nesse tipo de abordagem com os estudantes, que são motivados desde sempre a colocar a mão na massa para aprender. Segundo ele, é nítida a diferença entre os alunos da Maple Bear Natal e àqueles acostumados a um método de ensino mais tradicional. “Isso se torna até um desafio para nós, professores. Temos que estudar muito mais para as aulas, já que esses alunos têm um nível de conhecimento e argumentação muito elevados para a idade deles. Eles são verdadeiros protagonistas nesse processo. A gente acaba aprendendo muito com eles também”, concluiu.